Amarrações da encruzilhada

Amarrações da encruzilhada

O célebre ocultista Francês Eliphas Levi ( 1810-75), na sua obra faz menção de um bode sabático, ou o bode de Mendes, ou Baphomet, o demonio com cabeça de bode, que é o demonio das bruxas, e que preside á celebração dos seus Sabbat. Alguns dos mais famosos Sabbat das bruxas – onde o demonio de Mendes por vezes se manifesta – , foram celebrados nas imediações de encruzilhadas. As encruzilhadas tem desde sempre sido considerados locais espiritualmente sinistros, associados a fantasmas, espíritos malignos, bruxas e temíveis eventos ocultos. Nas tradições religiosas mais antigas, era nas encruzilhadas que eram erigidos altares a deusas normalmente associadas com bruxas e bruxaria, e onde ali eram realizados sacrifícios e trabalhos de magia negra. Na Grécia Antiga, era nas encruzilhadas que se erguiam altares á Deusa Hécate, deusa das bruxas, da bruxaria e da magia negra. Era ali, e invocando-a, que se realizavam sacrifícios e oferendas durante a feitura de fortes trabalhos de magia negra. Na religião Maia, era nas encruzilhadas que se podia encontrar a temida Deusa Ixtab, deusa dos suicídios que apanhava os homens solitários nas encruzilhadas ermas, e os matava. Séculos mais tarde, desde a Idade Media e até ao século XIX, foi nas encruzilhadas que se erguiam as forcas onde se executavam condenados á morte, ali ficando os seus corpos, por forma a que a alma penada do condenado não soubesse o caminho de volta á sua terra, e se fosse vingar dos seus acusadores. As encruzilhadas sempre estiveram por isso associadas a almas penadas, a espíritos vagantes, a antigas deusas das bruxas e da bruxaria, e são por isso um terreno fértil de energias espirituais obscuras, e uma ponte para com o mundo dos mortos, o território do além-túmulo, o reino do Inferno. As velhas tradições ocultas dizem que a morte e o Diabo estão sempre á espreita nas encruzilhadas. Por todas estas associações aos locais das encruzilhadas, eles sempre foram um ponto preferido das bruxas – tal como as imediações dos cemitérios – para a celebração de trabalhos de magia negra.

Dizem a maioria dos antigos grimórios e tradições, que o pacto de uma bruxa com o Diabo é celebrado com sangue da própria aspirante a bruxa, e muitas das vezes o pacto ocorre numa encruzilhada. O notório padre e ocultista Montagne Summers (1880- 1948),  ao debruçar-se sobre o assunto do Pacto com o Diabo,  faz nota de um certo homem de nome Joseph Egmund Schultz que vivia na Baviera. Na noite de 15 de Maio do ano de 1671, o cavalheiro bávaro dirigiu-se a uma encruzilhada de três estradas, onde ali lançou ao chão dessa encruzilhada um pergaminho. No pergaminho, constava um pacto com o Satanás escrito e assinado com o seu próprio sangue. As velhas tradições dizem que assim deve ser feito, e já na lendária historia de Fausto pode-se constatar como cortando ao de leve o seu próprio polegar, o mesmo usou das gotas do seu sangue que escorreu, para escrever de corpo e alma ao Diabo, repudiando á cristandade, e oferecendo-se como fiel servidor satanista. O mesmo fez o bávaro Schults, depois dirigindo-se a uma encruzilhada onde ali depositou o seu contrato demoníaco, como quem deposita uma carta num marco de correio, esperando que o seu infernal destinatário aceitasse a sua proposta, pois é sempre prerrogativa do Diabo aceitar ou ignorar os pedidos que se lhe enviam. Assim se fica a saber que as encruzilhadas são um local de tal forma espiritualmente importante, que até os pactos celebrados pelas bruxas são-no nesses locais, pois são locais altamente favoráveis á manifestação de espíritos.

Há um local onde uma certa encruzilhada tem sido local de encontro para bruxas desde há séculos imemoriais. A vila de Canewdon em Essex,  há séculos que tem a reputação de ser uma «vila de bruxas». Daí que durante séculos, as bruxas de Canewdon fossem célebres. A reputação desta área como uma «terra das bruxas», nasceu devido a que naquela localidade e arredores, sempre se ter avistado uma grande proliferação de fenómenos ligados a bruxas e ao sobrenatural.  Diz a lenda que enquanto a torre da Igreja estiver de pé naquela vila, haverão sempre sete bruxas na vila. E diz o ditado popular que «uma será a mulher do reverendo, outra a do talhante, e outra a do padeiro». As mais velhas tradições dizem que a comunidade de bruxas da aldeia se reúne numa pavorosa e temida encruzilhada. Essa encruzilhada tem a sua sinistra reputação, porque há séculos atras foi ali executada uma bruxa, numa árvore ali existente, e o seu corpo foi ali enterrado sem funeral cristão, tornando-se para sempre uma alma amaldiçoada, uma alma poderosíssima para fins de magia negra. Sabe-se que o espírito da bruxa assombra aquele local, e por isso poucos se atrevem a vaguear por á noite por aquela área deserta e erma, uma vez que no passado, alguns foram os habitantes que se viram surpreendidos e assombrados por um espectro que aparece e desaparece como névoa escura. Porem, é justamente nessa encruzilhada que as bruxas se reúnem, pois é um solo carregado de força mística, uma vez que está profundamente ligado ao mundo dos mortos.

Aquele terreno daquela encruzilhada, é como uma porta para o mundo dos mortos, para o Hades, ou o Inferno. Ali, bruxas vivas podem contactar bruxas mortas, e celebrar os mais fortes rituais de magia negra. Um bruxo de nome George Pickingale, falecido em 1909, foi o último dos grandes bruxos que presidiu á colmeia de bruxas de Canewdon. Era ele que convocava a celebração de Sabbats nocturnos, usando um apito de madeira, ao qual as bruxas respondiam. O bruxo tinha por companhia um espírito demoníaco familiar incorporado na forma um pequeno rato branco, que passava de bruxo para bruxo ao longo das gerações. Pickingale era temido pelo seu mau olhado ou olho gordo. O bruxo era famoso por lançar temíveis bruxarias apenas olhando para a vítima, ou para uma imagem sua, ou para um boneco baptizado com o nome da pessoa. As bruxas de Canewdon eram também conhecidas pela sua capacidade de causar mau funcionamento ou até avarias em maquinarias, simplesmente de olhar para elas com o seu mau olhado. As bruxas de Canewdon eram conhecidas por – tal como o bruxo Pickingale – , terem espíritos demoníacos familiares na forma de um pequeno ratinho branco. Sabia-se que quando uma bruxa falecia, o seu ratinho branco também falecia, e era sepultado com a bruxa. Os trabalhos de magia negra das bruxas de Canewdon são lendários. Pessoas acorriam á vila das bruxas de Canewdon vindas dos quatro cantos de Inglaterra, para ali encomendarem as mais fortes amarrações, sendo que tais amarrações eram celebradas na encruzilhada das bruxas daquela vila, invocando ao espírito da ancestral bruxa que ali foi enforcada numa árvore, e ali enterrada sem funeral cristão, tornando-se eternamente uma alma amaldiçoada, uma alma poderosíssima para fins de magia negra. Por serem celebradas em tão sinistro local, e por apelarem á intervenção de almas de mortos como a falecida bruxa de Canewdon, aqueles trabalhos de magia negra eram temíveis, e imparáveis.

Ainda hoje, aqueles que sabem destes saberes ocultos, executam da mesma forma as mais poderosas amarrações de encruzilhada. Conforme na encruzilhada se cruzam dois caminhos, pois também os dois caminhos de duas vidas que forem numa encruzilhada cruzados, jamais descruzarão.

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