Magia negra e as varas mágicas

Magia negra e as varas mágicas

James I ( 1566 –1625) foi não apenas rei de Inglaterra, como o autor de um dos mais influentes compêndios de demonologia, um tratado sobre magia negra, bruxas e bruxaria intitulado «Demonologie» (1597). James I foi levado a escrever um tal tratado sobre bruxas e demonios, devido a um caso real ocorrido na sua própria vida, e no qual o monarca se inspirou para criar a sua obra. Os eventos tomaram lugar em 1593/5 , sendo que nessa altura o rei  foi pessoalmente vitima de uma célebre bruxa que lhe dirigiu um trabalho de magia negra feito através do uso de uma vara mágica. O caso tornou-se famoso, uma vez que o rei escapou com vida apenas por pouco.

Tal como o caldeirão das bruxas, também a vara, ou um bastão, ou um cajado, tem sido desde sempre associado com a prática da magia.

O historiador e filosofo Plutarco ( 46 d.C), na sua obra, ( Num bruta animália ratione utantur), menciona a bruxa Circe e a sua vara de magia negra, com a qual tirou e repôs a sanidade dos homens.

Nas ciências ocultas, o símbolo do bastão é um dos quatro elementos ou padrões que compõem o Tarot – juntamente com o Ouro, o Coração e a Espada –.  No Tarot o símbolo de Bastão ou Pau está associado ao elemento fogo, e representa a inspiração, a ambição, o desejo por algo. Bem usada esta energia, ele conduz ao sucesso nos negócios, nos empreendimentos, no desejos amorosos, e em tudo aquilo que se almeja. Por isso, usando-se do Bastão com inspiração, ele abre caminho ás ambições, aos empreendimentos e aos fins desejados. E é essa a mensagem oculta que o Tarot transmite sobre o bastão, ou seja, a vara mágica.

O uso de bastões, cajados ou varas na magia, já remonta aos templos bíblicos. Moisés usou de um cajado para fazer brotar água de uma pedra, usou de uma vara para fazer magia diante dos bruxos do faraó, que também conseguiram replicar o mesmo bruxedo. Também usou da vara para transformar água em sangue no rio Nilo, conforme os bruxos do Faraó do Egipto também o conseguiram fazer. Também usou de uma vara para comandar os ventos e abrir as águas do mar vermelho, permitindo a fuga do povo hebreu do Egipto. Em suma: Foi um bastão que Deus entregou a Moisés, para lhe dar um instrumento do seu poder. No Livro de Êxodo, capítulo quatro, verso dois, lê-se que quando Deus pergunta «o que é que estás a segurar na tua mão?», e Moisés responde «um bastão», então o bastão transformou-se numa serpente. E dai em diante, aquele bastão torna-se investido do poder de Deus, e por isso imbuído de propriedades magicas. Passou mesmo a ser um elo entre Moisés e Deus, chamando-se-lhe «o bastão de Deus». Pois acredita-se que o Diabo após celebrar Pacto, faz o mesmo com as suas bruxas e bruxos, concedendo-lhes igualmente um bastão ou uma vara, que é um «bastão do Diabo». Essa vara, serve para ser usada na feitura de trabalho de magia negra e bruxarias, com ela dirigindo um encantamento ao bruxedo, assim impregnando-o e fecundando-o de vida. A vara também comanda espíritos, forças e energias sob domínio do Inferno e de Satanás, canalizando-as para um fim desejado. Conforme foi com a sua vara que Moisés manipulou forças e poderes para lançar as pragas sobre o Egipto, da mesma forma sucede com as varas das bruxas e bruxos. Há porem que saber as fórmulas certas para invocar a tais espíritos e forças, para que sendo conjurados adequadamente, então possam ser depois adequadamente direccionados e domados pela vara.  Diz que a vara apenas por sí, é inútil. Nas mãos de qualquer pessoa, não passa de um pedaço de madeira. Apenas assume vida e propriedades místicas quando em contacto com a bruxas ou bruxos a quem foi destinado. Assim sucede, porquanto a vara é um presente do Diabo para a bruxa, tal conforme sucede com o seu espírito demoníaco familiar.

Medeia, foi a sobrinha da famosa bruxa Circe e filha da Deusa Hécate, a Deusa da Bruxaria e da magia negra;  Circe, foi a filha de Hécate, e foi a mais poderosa bruxa do seu tempo, tão poderosa que era associada á Lua Nova, e as suas bruxarias para a luxuria, o erotismo, o amor, as maldições e a vinganças, eram as mais temidas de sempre; Baco ou Dionísio, foi o Deus da ebriedade, das orgias, dos excessos carnais; Mercúrio ou Hermes, foi o Deus dos mensageiros, do comercio, das riquezas e dos lucros, dos viajantes, da sorte, dos truques, das artimanhas, da astucia e dos ladrões; Os faraós do Egipto, foram aqueles que usando de magia-negra, replicaram alguns dos poderes de Deus; Todos estes Deuses pagãos deuses pagãos, assim como todas essas lendárias bruxas e bruxos, tinham varas. A vara de Hermes, foi-lhe oferecida pelo Deus Apolo, a vara de Medeia era feita de prata, conforme descrito no poema de Joshua Poole na obra The English Parnassus (1657); a vara de Baco chamava-se Thyrsus, e favorecia a prosperidade, a fertilidade, o hedonismo e o prazer; A vara de Medeia era feita de madeira de bambo, conforme retratado por Paulis Bor ( 1601 -1669), na obra The Enchantress ( 1640). Um segredo é porem fundamental no que diz respeito a compreender o que é uma vara mágica: é que não apenas a vara é uma prenda do Diabo á bruxa, como consta que as varas devem a sua propriedade magica ao serem possuídas pelo espírito de uma fada, ou o espírito de uma poderosa bruxa já falecida.

Para quem duvide da existência das bruxas e da bruxaria e das varas magicas como uma realidade verídica, há vários casos historicamente documentados que assim o confirmam. Um deles, foi o famoso caso da bruxa de Cideville. O caso da bruxa de Cideville ficou célebre, e ocorreu por volta de 1851, em França, numa pequena vila da Normandia. O padre Thinel era o padre da localidade de Cideville, e descobriu que um dos membros do seu rebanho estava doente, e andava a ser tratado por uma bruxa conhecida pela bruxa de Cideville. O padre insistiu para que a pessoa se fosse tratar a um medico, e muito desdenhou publicamente dos cuidados da bruxa, chegando mesmo a dizer que bruxas e bruxarias não passavam de crendices e superstições ignorantes. Tais palavras chegaram aos ouvidos da bruxa, que lhe rogou resposta á altura. A bruxa afirmou publicamente e para quem quisesse ouvir, que o padre em breve ia confirmar se afinal as bruxas e a bruxaria eram apenas crendices e superstições ignorantes, e ao faze-lo apontou o seu cajado – ou vara magica – aos dois jovens sacristães do cura. A verdade é que desse dia em diante, os dois jovens sacristães passaram a ser perseguidos por arrepiantes fenómenos sobrenaturais que lhes sucediam nas suas habitações, noite após noite. Há noite escutavam atrozes barulhos sem explicação, objectos desapareciam de um local para reaparecer noutro, mesas mudavam de sitio, cadeiras apareciam viradas do avesso, portas fechavam-se subitamente e com grande estrondo, gavetas abriam-se e fechavam-se sozinhas, lençóis era arrancados da cama quando os jovens estavam a dormir, faças eram arremessadas, castiçais e pratos eram atirados para o chão, sentiam-se brisas de vento sem haverem janelas abertas. Os fenómenos inexplicáveis sucediam-se sem cessar. Certa vez o padre prestou confissão a um homem, apenas para descobrir que o homem se havia esfumado no ar, e que não havia ninguém a falar-lhe no confessionário. Atemorizado o padre foi falar com um dos sacristães, que assustado lhe revelou que aquele homem que entrara no confessionário, era o mesmo que ele tinha visto na sua própria casa á noite, porem em forma de um espectro, e que por isso tinha abandonado a igreja atemorizado. O padre foi falar com a bruxa, exigindo-lhe um pedido de desculpas pelas suas ameaças a um homem da Igreja, mas a bruxa parecia bastante divertida com a ocorrência de todos aqueles eventos. O seu cajado – ou vara magica – nunca abandonavam a bruxa fosse ela onde fosse, e todos compreenderam que tinha sido a bruxa – e o seu cajado – a verdadeira origem dos temíveis eventos que se espalharam por toda a vila. Não menos de trinta e quatro testemunhas confirmaram a ocorrência daqueles sinistros eventos, desde o próprio presidente da câmara, a outros padres chamados ao local, e até o Marquês de Mirville,( 1802 – 1873), um respeitado nobre de Paris, e estudioso dos fenómenos do oculto. Todos concordaram que era impossível os dois jovens sacristães terem gerado aqueles eventos, e até hoje a causa dos estranhos factos sucedidos naquelas semanas de 1580 permanece desconhecida. O caso ficou celebre, e foi mesmo abordado na obra Charles Helot, que em 1897 publicou «Possessions diaboliques», inspirada nestes eventos reais. Assim se confirmava com factos e eventos reais, que as bruxas, a bruxaria , a magia negra e as varas magicas, são realidades.

Houve outro caso historicamente documentado sobre bruxas e bruxos que lendários celebraram  trabalhos de magia negra com recurso a varas mágicas. Um desses casos sucedeu na Inglaterra do século XVII, e acabou mesmo por ser citado em publicações da altura, que foi o caso dos bruxos Weir. O Major Thomas Weir ( 1600-70), foi um militar e religioso que acabou por se tornar famoso pela pratica de magia diabólica ou magia negra.  De sua livre vontade, Thomas Wier confessou que ainda na juventude, ele e a irmã Jane Weir haviam sido procurados pelo Diabo, que se havia insinuado neles com todas as formas de tentações, até que ambos cederam e fizeram Pacto com o Demonio, tornando-se assim bruxos. Jane Weir havia recebido um presente do Diabo na forma de um espírito demoníaco familiar que a acompanhou dai em diante. Jane Weir recebeu também uma roda de fiar que se dizia trabalhar sozinha durante a noite. Com isso a bruxa fez muito dinheiro, pois os fios que roda de fiar produziam, era usados em amarrações com espantoso sucesso, pois essas amarrações eram amarradas com um fio que era obra do próprio demonio. E de amarrações dessas, ninguém escapa. Porem, se Jane tinha recebido um espírito demoníaco familiar e uma roca de fiar como presente do Diabo, já Thomas tinha recebido uma vara mágica na forma de um bastão ou bengala com a qual o bruxo andava a toda a hora, e jamais dela se separava. Era com essa vara que o bruxo – recitando os seus encantamentos em Latim – , invocava aos espíritos de trevas e as forças do inferno, para encantar e embruxar qualquer mulher que desejasse. Dessa forma, o bruxo chegou a ter fama de conseguir possuir para satisfação dos seus apetites de luxuria, qualquer mulher que desejasse. A fama do bruxo Thomas começou a espalhar-se, e consta que secretamente, muitos pedidos o bruxo recebeu para lançar amarrações de luxuria sobre várias mulheres, com a sua vara do Diabo. Ainda muito tempo depois de terem falecido, a fama dos bruxos Thomas e Jane Weir permanecia lendária, e foi registada numa publicação de Robert Chambers, «Traditions of Edinburg» (1825).

No grimório «Errores Gazariorum», ( 1430 -1440), é dito que uma vara magica nas mãos de uma bruxa ou bruxo, assume certas propriedades magnéticas, pelo que servirá para descobrir água debaixo do solo – magnetismo mineral – , assim como tesouros escondidos – magnetismo de origem metálica –, ou até mesmo para influenciar o comportamento de animais – magnetismo animal – , e ate mesmo para ajudar em certas doenças – magnetismo biológico – . A verdade é que até ao século XVII, os médicos levavam sempre consigo uma vara, que era o próprio símbolo da profissão médica.

Alguns bruxos preferem varas de metal ou ferro, enquanto que os mais tradicionais optam pelas de madeira. As varas feitas de madeira de cipreste são as adequadas para invocar espíritos de mortos, e o próprio Satanás. Já a madeira de avelã é ideal para desenhar círculos de protecção. O uso do própria sangue de bruxa na vara, é um aspecto muitas vezes mencionado, mas sempre conservado em segredo pelos velhos saberes ocultos.  O caso das bruxas de  North Berwick, foi um celebre episódio no qual uma vara magica ficou célebre.

Por volta de 1590, o caso das bruxas de North Berwick foi de tal forma celebre, que chegou á atenção do rei James I, que observou e testemunhou pessoalmente os acontecimentos deste caso. O caso tornou-se conhecido quando o vice-oficial de justiça de nome David Seaton, começou a estranhar as frequentes andanças nocturnas de uma das suas jovens empregadas, de nome Gilly Ducan. Foi então que Seaton ficou a saber que Gilly Ducan era uma bruxa, que tinha Pacto estabelecido com Satanás. Mais soube Seaton, que a jovem bruxa pertencia a uma colmeia de bruxas estabelecida nos arredores de Edimburgo. Nessa colmeia estavam também um respeitado professor de nome dr.John Fian, e uma notória bruxa chamada Agnes Sampson. O dr.John Fian era o escriba da comunidade de bruxas, e Agnes Sampson a rainha da colmeia. Sabia-se que a bruxa Agnes Sampson tinha a marca da bruxa na sua área genital, e que se tinha entregue á luxuria com o demónio, com ele celebrando Pacto. A bruxa tinha também recebido um espírito demoníaco familiar de nome Elva, e que incorporava num cão. A bruxa tinha participado em vários Sabbat satânicos, sendo que num deles que foi realizado num certo Halloween, o Diabo fez manifestar pessoalmente, incorporando num homem. Essa célebre Sabbat foi realizado numa Igreja de North Berwick, e iluminado apenas por velas negras. O diabo fez manifestar por possessão demoníaca num homem vestido com uma toga negra, e as bruxas presentes juraram-lhe fidelidade, e prestaram-lhe devoção de formas impuras e ímpias.

Quando o Diabo se materializou diante da bruxa, ele trazia uma vara branca na sua mão. No final do Sabbat, quando o Diabo quebrou a vara, imediatamente ele desapareceu e esfumou-se diante dos olhos de todos os presentes. A bruxa Agnes Sampson foi famosa pelos seus trabalho de magia negra, especialmente aqueles celebrados através de bonecos e imagens das vitimas da bruxaria, ás quais a bruxa dirigia a sua vara magica.  Certa vez a bruxa dirigiu um desses feitiços ao próprio rei James I, por encomenda de seus inimigos. O objectivo era atingir o rei durante uma viagem de barco. A verdade é que dirigindo a vara magica aos barcos da escolta da marinha real do rei, logo depois algo atemorizador sucedeu. Dai em diante, uma serie de estranhos e sinistros eventos levaram a que os navios da armada que acompanhava a nau do rei se afundassem trágica e misteriosamente, e o próprio navio do rei só por pouco escapou ao naufrágio. Apenas um único trabalho de magia negra feito com uma vara magica, por uma única bruxa solitária,  tinha feito mais danos á poderosa escolta naval militar e imperial do rei, que um exercito inteiro. O caso tornou-se tão famoso, que a reputação da bruxa chegou aos quatro cantos do reino. A  bruxaria e os trabalho de magia negra são por isso – e desde há séculos que se o sabe – , fenómenos muito verídicos e reais, como efeitos muito verídicos e reais. Foi inspirado nos temíveis e poderosos resultados destes trabalho de magia negra, que James I escreveu  e publicou em 1597  o notório compêndio de bruxaria e demonologia chamado «Demonologie».

Segundo alguns velhos grimórios da Idade Media, consta que as varas mágicas devem a sua propriedade magica ao serem possuídas por um espírito Elementar, ou seja, pelo espírito de uma fada, ou o espírito de uma poderosa bruxa já falecida.

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