Amarrações de sangue

Amarrações de sangue

Embora na Grécia da Antiguidade as bruxas não fossem perseguidas, porem elas eram profundamente temidas. E um dos locais onde elas eram mais temidas, era na ilha de Lemnos, situada no mar Aagaean, situada entre o monte Athos e Heelespoint. Aí viveram celebres bruxas, como a bruxa de Lemnos, mencionada pelo célebre orador e politico grego de Atenas Demosthenes ( 384 – 322 a.C). Nessa ilha celebrava-se o culto do Deus Hefesto, ou o Deus Vulcano dos Romanos, que ali teria caído quando Zeus o arremessou do Olimpo, á imagem daquilo que Deus fez com Lúcifer. As oficinas deste Deus ferreiro que forjou as armas dos Deuses do Olimpo, situar-se-iam naquele local. A adoração a Hefesto parece porem ter evoluído ao longo dos tempos, acabando por assumir a forma de um culto aos poderes infernais. A conexão deste Deus Hefesto com o fogo, assim como a sua aparência deformada, faziam com que fosse geralmente representado como um homem de aspecto sombrio, e muito temido. Já por outro lado, o Deus Vulcano dos Romanos era o próprio Deus do fogo e da destruição. O paralelo com a história de Lúcifer está aqui presente, e este culto parece ter assumido proporções tão receadas como secretas. E nessa ilha, habitavam bruxas que prestavam culto ao Deus pagão, assim como a demónios, ali realizando alguns dos mais fortes trabalhos de magia negra, e que ficaram registados na memoria da história da Antiguidade. Alguns deles, eram feitos através da oferenda de sacrifícios, e do uso de sangue.

O «Compendium Maleficarum» , ou o «Compêndio das bruxas» de 1608, do padre Italiano Francesco-Maria Guazo (n. 1570) , dá nota sobre a existência de uma bruxa que viveu em Portugal no século XVI, a quem o Diabo a seduziu, tendo depois assumido a forma de um animal, e nessa forma bestial possuiu carnalmente a bruxa, a qual se entregou á perversa abominação com o demónio. Dai em diante, a bruxa trilhou nos caminhos e no ofício da magia negra. Os seus bruxedos tanto atraiam carnalmente qualquer homem ou mulher que se desejasse, como condenavam ao desterro, afastamento e sumiço de qualquer indesejável que se embruxasse. Os trabalhos de magia negra da bruxa eram feitos com recurso á oferenda de animais aos demónios, e eram tão temidos quão requisitados. Os seus ritos de magia negra eram sempre celebrados com a ajuda do seu espírito familiar demoníaco, a quem a bruxa invocava sempre que desejava, e eles infestavam as suas vitimas sempre sem escapatória. O célebre historiador português João de Barros (1496 – 1570), chegou a tomar conhecimento destes eventos, que chegaram também ao conhecimento do Rei de Portugal, D. João III ( 1502 – 1557).

No prefacio do célebre grimório Demonology (1597) do rei James I ( 1566 –1625), dá-se nota de como através da magia negra e da bruxaria, os demónios podem «enfraquecer a natureza de alguns homens para torna-los incapazes para as mulheres, ou torna-los abundantes em outros». Queria-se com isto dizer que os célebres trabalhos de amarração tanto podiam causar impotência sexual no homem, ou ao inverso dar-lhe ardente desejo sexual, conforme as situações que se desejavam patrocinar. Por vezes há que fazer um homem esmorecer com uma amante, outras vezes é preciso despertar-lhe o fogo para o atrair a uma mulher, e outras vezes ainda, ( quando o homem é teimoso e resiste a ir entregar-se a alguém que o mandou embruxar), é conveniente que ele sofra castigos e padecimentos, ( até os sexuais), para que enfraquecendo-se e fragilizando-se, ele acabe por ficar ás mãos de quem o mandou amarrar através de um bruxedo de amarração de magia negra. Tudo isso são técnicas usadas nos trabalhos de magia negra que consistem em amarrações.

Uma das mais fortes técnicas de invocação de demónios, é a oferenda de sangue. Quando essas se fazem nas amarrações, elas passam a ser amarrações de sangue. As amarrações de sangue prendem para sempre a vitima do bruxedo ao bruxedo, como se o bruxedo lhe houvesse contaminado o próprio sangue; dai em diante a pessoa contagiada pela magia negra fica enclausurada de forma inescapável. Conforme ninguém escapa ao próprio sangue que corre nas suas veias, pois também ninguém escapa de um bruxedo que lhe contaminou o sangue que lhe corre pelo corpo.  È como um vírus que pela bruxaria se foi alojar no sangue da vítima, contaminando-a, e cuja a infestação não tem escapatória

Precisamente por esse motivo, o sacrifício de animais é mencionado em vários grimórios de magia negra, seja directa ou indirectamente. Por exemplo, num dos mais célebres grimórios, o «Key of Solomon», ou «Chave de Salomão» , publicado pelo ocultista Samuel Liddell MacGregor Mathers ( 1854 – 1918), há indicações expressas sobre como proceder no assunto do sacrifício de animais. Ali está revelado que:

«Em muitas operações, é necessário fazer algum tipo de sacrifício aos demónios. As vezes, animais negros são sacrificados aos espíritos malévolos. Tais sacrifícios consistem no sangue, e ás vezes na carne. Aqueles que sacrificam animais, ou qualquer que seja o tipo, devem seleccionar aqueles que são virgens, por serem os mais agradáveis aos espíritos. Quando é o sangue que deve ser sacrificado, deve ser retirado de quadrúpedes ou pássaros virgens»

Assim, quando os procedimentos adequados são seguidos, podem as bruxas fazer os mais fortes chamamentos aos demónios, e com isso selar as mais irresistíveis bruxarias. Nessas alturas, o demónio responde sempre ás bruxas, pois conforme diz o do célebre grimório Demonology (1597) do rei James I (1566 –1625), isso faz parte do contrato celebrado por Pacto com o Diabo, através do qual os demónios se obrigam a comparecer ao chamamento da bruxa no momento da feitura de um bruxedo, muitas das vezes aparecendo de forma visível seja através da sua manifestação num elemento da natureza, (como o vento, ou o fogo), seja através da sua incorporação num animal: um cão, um gato, um sapo, uma mosca, uma aranha, um réptil, uma ave, etc.

Dizia o notório padre e ocultista Montagne Summers (1880- 1948),  no seu prefácio ao «Compendium Maleficarum» , ou o «Compêndio das Bruxas» de 1608, do padre Italiano Francesco-Maria Guazo (n. 1570) , que: «o Diabo não deixa nada desatento, e ousa tudo. Quando vê homens de mente fraca, toma-os como uma tempestade, quando vê homens insolentes e teimosos, torna-se numa raposa astuta para os enganar, pois ele tem mil meios de ferir até o mais altivo dos homens. Certas vezes ele seduz, outras vezes ele leva até á loucura: e tudo isso, ele e os seus demónios fazem maravilhosamente através da bruxaria. E tudo isso ele faz através da acção dos bruxos e bruxas».

Assim descrevia Summers como operam as bruxarias, e assim se sabe como trabalham as amarrações: castigando e fustigando, uns de uma forma, outros de outra forma, conforme os espíritos de trevas invocados no bruxedo acharem adequado para fazerem a vítima ceder. Aos fracos faz uma coisa, aos teimosos faz outras. E é esse o resultado de uma bruxaria: depois de contaminados pela magia negra, a cada um os demónios infestam, atormentam e assombram conforme acham indicado para atingir os fins do bruxedo. E a vítima cedendo, então cessam-lhes os tormentos; Porem:  insistindo em teimar e resistir, então os castigos persistem e insistem em castigar, até ao insuportável ponto da desgraça.  E por isso, a pessoa não tinha alternativa senão ceder. Seja como for, a vítima nunca mais se livra do bruxedo, nem de quem a mandou embruxar. Nunca mais. Não há escapatória. A pessoa não tem alternativa senão ceder.

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