Trabalhos de amarração

Trabalhos de amarração 

Nos finais do século XIV, um historiador árabe chamado Ibn Khaldun falou sobre um lendário grimório conhecido de todos os eruditos de magia negra, chamado Picatrix, avisando sobre os temíveis ensinamentos diabólicos ali contidos, e dizendo mesmo que o livro era digno apenas de padres do Diabo. Sobre este grimório, assim escreveu o historiador: « aquelas são ciências que mostram como almas humanas se podem preparar para exercer influencias e mudanças neste mundo dos elementos, com ou sem a ajuda de anjos ou de Deus.» Diz o autor que a forma de o fazer, é a bruxaria, e que estas artes de magia negra foram proibidas e banidas por muitas religiões, porque podem ser altamente prejudiciais, e requerem que os seus praticantes se relacionem com seres espirituais, que não Deus, isto é, com o Diabo, demónios, espíritos de trevas, espíritos de mortos, etc.

O célebre grimório Picatrix foi originalmente escrito em arábico entre 1047 e 1051, algures em Espanha. O rei Afonso X de Castilha, encomendou uma tradução para espanhol em 1256. Hoje em dia, calcula-se que ainda existam dezassete copias que tenham sobrevivido á voracidade dos saques, destruição e devastação da santa Inquisição. O grimório medieval Picatrix fala sobre o selo real do rei Salomão que estava inscrito do seu anel, onde estão gravados os sigilos místicos que permitem invocar e domar os espíritos de trevas.

O erudito bizantino Michael Psellus, ( n. 1017), foi outro autor que fez varias menções semelhantes aos livros do rei Salomão , e dos seus saberes que permitiam invocar e controlar demónios. A influencia deste livro pode ser observada na própria obra do célebre ocultista Agrippa von Nettesheim, (1486 – 1535), um contemporâneo de Faustus – o notório doutor que fez o lendário pacto com o demónio –, e autor do influente «De occulta Philosophia» (1531-33)

No grimório Picatrix, revelam-se algumas formulas de magia negra como uma que diz que «As unhas das mãos de um defunto condenado que nunca conheceu o baptismo, cortadas com uma faca de cobre vermelha sob um luar Cheio, depois queimadas pelo sol e reduzidas a um pó», quando usadas da forma correcta, abrem caminho a ter-se seja quem quer que se deseje amar. Porem, um aviso: estas formulas devem ser manuseadas e confecionadas por uma bruxa ou bruxo, caso contrário serão estéreis de resultados. Apenas quem tem pacto com o Diabo, pode semear e colher frutos na obra do Diabo.

No célebre grimório Demonology (1597) do Rei James I de Inglaterra (1566 –1625), dá-se nota que através do pacto com o Demónio, «o Diabo obriga-se a ensinar ás bruxas as artes da bruxaria e as ciências da magia negra, o que é fácil ele fazer, pois ninguém nisso é mais instruído que Ele.» E para isso mesmo, toda a bruxa recebe um espirito familiar demoníaco que a acompanha ao longo de toda a vida, e que lhe ensina os segredos e formulas dos mais fortes bruxedos.

Na aldeia de Ruswarp fica perto da Abadia de Whitby, e é hoje em dia um ponto turístico em Inglaterra. Porem, nos anos de 1775 era o lar de uma famosa bruxa. Tratava-se da bruxa Kathy, também conhecida pela velha Kathy. A bruxa Kathy tinha um séquito de demónios ao seu serviço, assim como vários espíritos familiares demoníacos que a serviam em todas as suas bruxarias. Como é normal nas bruxas, vivia nalguma solidão, e nunca ninguém lhe viu o interior da sua casa, expecto um homem que não era aldeão de Ruswarp. Tratava-se de um homem de nome Abe, a quem a bruxa conheceu nas charnecas, onde lhe apareceu misteriosamente, e vindo do nada. Na verdade era um bruxo tão poderoso como ela, que por vezes era incorporado pelo Diabo. A bruxa Kathy era temida na aldeia, pois a força dos seus bruxedos podia causar imediatas punições a quem a desagradasse com uma atitude ofensiva. E conforme o notório padre e ocultista Montagne Summers (1880- 1948),  faz notar nos seus escritos, é que se há coisa que se sabe das bruxas, é que elas nunca se conseguem conter diante de uma ofensa. Pela sua natureza, o seu instinto leva-as sempre a punir qualquer afronta com grande severidade. Está-lhes no sangue, e elas são sempre rápidas a retribuir qualquer melindre com a fúria das mais temíveis pragas do Inferno. Por isso, ninguém ousava cruzar-se no caminho da velha Kathy, e quando a viam de maus humores, recuavam apressadamente para dentro e casa. Porem, também por vezes iam abordar a bruxa sempre com reverencial respeito, levando-lhe sempre oferendas e agrados, para lhe pedir os mais fortes trabalhos de magia negra. Alguns desses bruxedos, eram trabalhos de amarração. Tal era força dos seus bruxedos, que a bruxa se tornou lendária. Mesmo depois da sua morte, a fama da bruxa permaneceu viva por muito tempo, e diz-se que o espírito da bruxa habitou por séculos na sua velha casa abandonada, assim como era visto a vaguear pelas charnecas onde um dia encontrou o Diabo incorporado no sr. Abe. Ainda nos dias hoje imagens suas estão expostas num museu local. Não havia assunto amoroso que a bruxa Kathy não pudesse resolver com os seus trabalhos de amarração. Alguém amarrado pela velha Kathy, ficava amarrado. E não havia outra alternativa senão ceder ao bruxedo, e ir entregar-se a quem tinha pedido a amarração da bruxa Kathy.

O célebre «Compendium Maleficarum» , ou o «Compêndio das Bruxas» de 1608, do notório padre e demonologista Italiano Francesco-Maria Guazo (n. 1570), dá nota de como cozendo pontos num tecido, ou atando nós numa corda, as bruxas conseguem virar um casal um contra o outro, fazendo o homem negligenciar completamente a sua mulher. Pelos mesmos meios, é possível fazer com que de cada vez que o homem se tente aproximar de uma mulher, ele seja castigado e fustigado com um espectro ou até um demónio que se interpõem á união, causando o esmorecimento sexual masculino,e  frustrando qualquer tentativa amorosa. Por esses meios, homem e mulher são afastados, e esse é um dos fortes instrumentos que um trabalho de amarração usa para separar a pessoa que se deseja da companhia de rivais. Estando os rivais afastados, então a pessoa embruxada é compelida através de coerção, de castigos e de tormentos, a ir entregar-se a quem a mandou amarrar. E os tormentos não cessam senão quando a pessoa embruxada se entrega. E por isso, a pessoa não tem alternativa senão entregar-se. E ela acaba sempre por se entregar.

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