Magia negra e as ervas mágicas

Magia negra e as ervas mágicas

Na sua obra Demonolatry ( 1595), o célebre e influente demonologista Nicolas Remmy( 1530 – 1612), faz nota no seu Capitulo VII que «O Diabo precisa de ajuda humana para realizar os seus propósitos neste mundo». Ou seja: È através dessa ajuda humana, que ele materializa a sua obra neste mundo. E essa ajuda, é providenciada pelas bruxas, suas servas e serventes satânicas. E é para isso que o demónio faculta ás bruxas conhecimentos sobre a magia negra, e lhes faculta todos os instrumentos para que elas exerçam o seu oficio de bruxaria. E com os seus préstimos ocultos, elas aliciam aos homens para que encontrem soluções para os seus tormentos no mundo da magia negra, e fora da Igreja, afastando-os assim dos caminhos da santa Fé. E para deslumbrar e atrair clientela á obra do Diabo que é a bruxaria, os efeitos da magia negra são sempre poderosos. Por isso, a quem procura efeitos fortes e visíveis para os seus tormentos, a magia negra é a solução mais eficaz.

Na obra «Demonolatreiae» o célebre demonologista Nicolas Remmy faz também nota que vários são os instrumentos que as bruxas usam para causar seja doenças e tormentos, como curas e alívios. Um desses exemplos é o pó magico das bruxas, que tanto pode ser usado para contaminar a vítima com doenças e assombrações, como para curá-la desses mesmos tormentos, e desamarra-la de qualquer amarração. Porem, no caso dos pós mágicos como nos demais instrumentos que as bruxas usam, convém sempre sublinhar que o efeito produzido pelo pó não resulta de nenhuma propriedade do pó em sí, mas sim da acção do Diabo. Pode-se analisar o pó como se quiser, que nada ali será encontrado senão matéria inofensiva, porque aquilo que torna o pó virulento e fatal não são as propriedades naturais do pó, mas sim o chamamento sobrenatural que ele faz ao demónio. E o demónio – esse sim – é que respondendo ao chamamento do pó, contaminará a vitima de pestilências e sofrimentos. E o Diabo responde ao chamamento do pó, caso este tenha sido elaborado e aplicado por uma bruxa com pacto infernal outorgado com Satanás, pois que é prerrogativa desse Pacto que o Diabo responda ao chamamento dos bruxedos celebrados pelas suas bruxas. O mesmo se passa com certas ervas mágicas: elas na verdade não possuem nenhuma propriedade natural que induza a efeitos mágicos. Porem, o Diabo ensina ás suas bruxas quais ervas produzem os chamamentos certos aos demónios certos, para que eles respondendo a esses chamamentos, venham a este mundo contaminar algo ou alguém com um certo padecimento ou efeito. A essas ervas que a sabedoria de Satanás ensina a usar nos trabalhos de magia negra, as bruxas chamavam as ervas do Diabo, ou ervas de magia negra. Há um imenso catálogo delas, e para todos os fins. Porem, a erva apenas por sí é magicamente estéril, e nenhum efeito de magia negra causará em termos de bruxedo, sem ser usada por uma bruxa com Pacto com o Diabo. Por isso, a erva apenas terá poder mágico se for usada por uma bruxa que tenha Pacto com o Diabo, pois apenas então a erva servirá de chamamento aos demónios, que lhe responderão por força da obrigação a que os obriga o Pacto selado com Satanás.

Há inúmeros exemplos históricos sobre o uso de ervas mágicas em poderosas bruxarias e trabalhos de magia negra. Um deles, é o caso de Eleazar, que ficou registado e documentado nos anais da história.  Eleazar foi um célebre bruxo que conforme conta o historiador Josefo ( 37 – 100 d.C), realizou grandes feitos de curas espirituais na presença do imperador Vespasiano ( 9 – 79 d.C),  usando de uma raiz chamada «Baaras», uma erva com grandes poderes mágicos, se usada por um bruxo de verdade e conforme as instruções do Demónio.

Por outro lado, o notório demonologista Johanes Weyer ( 1515 – 1588), discípulo do célebre ocultista Cornelius Agripa ( 1486 – 1535), e autor do influente Pseudo Monarchia Daemonum , dá nota que o demonio Buer é um demónio que assume a forma de uma estrela, e é um demonio que concede grandes conhecimentos sobre as ervas magicas. Por isso, muitas bruxas recorreram deste demónio para receber segredos sobre as virtudes ocultas das ervas de magia negra.

Na obra «Discoverie of Withcraft» (1584), do célebre demonologista Inglês Reginald Scot. ( 1538- 1599) , observa-se no Livro V, capitulo III, como o demónio Bathin tem um particular conhecimento sobre ervas mágicas, e os transmite ás bruxas que o souberem invocar correctamente.

O erudito bizantino Michael Psellus, ( n. 1017), foi um autor que fez varias menções aos grimórios de magia negra do rei Salomão , e dos seus saberes que permitiam invocar e controlar demónios. Nos espíritos demoníacos mencionados por Salomão, consta o demónio Bifrons, sendo que esse é de particular importância no assunto, uma vez que concede conhecimentos sobre ervas de bruxaria, assim como oferece profundos conhecimentos sobre a conjuração de espíritos de mortos.

Johannes Trithemius, um académico alemão e estudioso do oculto, catalogou extensivamente os textos de «Clavicula Solominis» em 1508. Outro académico alemão e estudioso do oculto, Johannes Reuchlin, também descobriu e sistematizou vários textos cabalísticos em 1517, também atribuídos aos saberes do rei Salomão, que estavam sob o pseudónimo de Raziel. A obra «Schemhamphoras», fala sobre os 72 espíritos que Salomão  comandava com a sua sabedoria de magia negra. Estes são os mesmos 72 espíritos encontrados na obra «Pseudomonarchia Daemonum» de 1577, um grimório de magia negra, assim como no livro «Discoverie of Withcraft» de 1584, de Reginald Scot.Nessas obras, é mencionado o demonio Furcas, como outro dos espíritos demoníacos que concedem conhecimentos sobre as ervas de magia negra. Igualmente mencionado é o demonio Moraz que costuma fazer-se manifestar como um homem com cabeça de touro. Na verdade trata-se do Deus pagão Molech, mencionado na Biblia. O demónio Moraz possui grande sabedoria sobre ervas mágicas, e por isso era muitas vezes invocado pelas bruxas em rituais satanistas, a fim de lhes providenciar sabedoria neste assunto, exigindo para isso sacrifícios de crias de tenra idade. Por último há o demónio Stolas, que se manifesta na forma de um corvo, e era muito conjurado pelas bruxas pela sua habilidade de ensinar sobre as virtudes das ervas de magia negra.  São estes os demónios a quem as bruxas recorrem para obter receitas e formulas de ervas de magia negra, para produzirem os mais fortes trabalhos de magia negra e amarrações.

Há um caso historicamente documentado sobre o uso de ervas magicas, que sucedeu na França do século XVI. A bruxa Françoise Perine de Bains-des-Bains era uma famosa bruxa por volta dos anos de 1588. A bruxa foi procurada por uma mulher que era vítima de severos espancamentos do seu marido, um homem de nome Riberot. Usando de uma erva magica preparada no seu caldeirão, a que depois a bruxa Françoise dirigiu a sua vara mágica ao mesmo tempo que murmurando um encantamento de magia negra, a erva adquiriu as propriedades de um chamamento a demónios que causam terríveis maldiçoes. Havendo observado o caminho que Riberot fazia todos os dias para se dirigir ao trabalho, a bruxa espalhou as ervas embruxadas pelo solo. De manhã, e sem suspeitar de nada, o homem pisou o pó de ervas, e foi imediatamente contaminado com uma forte infestação demoníaca. A infecção demoníaca alastrou-se nos dias seguintes, e o homem começou a enfraquecer, a definhar, e acabou caído no leito devido a uma inexplicável enfermidade que nenhum medico conseguia curar. O sr. Riberot passou por dias de grande agonia, e perdeu todas as forças para bater e maltratar a sua esposa.

Por volta dos anos de 1628, houve uma famosa bruxa em Inglaterra, de nome Anne Bodenham que era conhecida por atirar ervas magicas para as chamas de um caldeirão, dirigindo-lhes depois a sua vara magica e entoando ao mesmo tempo um encantamento satânico, invocando dessa forma demónios. As suas invocações de magia negra associadas ao uso das ervas magicas não falhavam, nem os seus trabalhos de magia negra. Através desse meio, a bruxa lançava amarrações de tal forma poderosas, que usando de uma dessas amarrações para sí mesma, conseguiu ficar a morar com o seu amante numa luxuosa habitação, ao mesmo tempo que mantendo o seu marido no lar matrimonial. O caso gerou grande escândalo na sociedade Europeia da altura, e porem o assunto manteve-se sempre conforme os desejos da bruxa, que tinha ambos os homens ás suas mãos. E conforme a bruxa o fez para sí mesma, também o fez para a incontável clientela de damas e fidalgos que vinham requisitar os seus préstimos ocultos, pois que a sua fama tornou-se lendária.

Anne Boleyn (1507-1536) foi uma rainha inglesa que casou com o rei Henrique VIII em 1553. Porem, consta nos círculos do oculto que antes de ser rainha, Anne Boleyn era uma bruxa. E havendo desejado casar-se com o rei Henrique VIII, lançou-lhe um forte trabalho de magia negra, na forma de uma amarração que foi feita através do uso de ervas magicas associadas a um encantamento satânico proferido pelos lábios da bruxa. Com esse encantamento e usando dessas ervas que foram espalhadas pelo chão onde o rei pisou, a bruxa não apenas se tornou rainha de Inglaterra, como afrontou o poderio do Vaticano, desfeiteando um duro golpe na Igreja. O rei Henrique VIII já estava casado, e esse casamento era altamente patrocinado pela bênção da Igreja, que se opôs veementemente a qualquer dissolução do matrimónio real. Porem, diz-se que tal foi a força da magia negra que a bruxa lançou sobre o rei, que o monarca cego de desejos pela bruxa, levou em frente a sua pretensão, e casou-se com  Anne Boleyn. O casamento deu-se em privado e secretamente, enquanto que ainda estavam em curso as negociações para a dissolução do anterior casamento do rei com a Catarina de Aragão, através da qual se havia celebrado uma aliança com o reino de Espanha. Anne Boleyn foi secretamente uma bruxa, e celebrou um rito de amarração ao rei Henrique VIII, conseguindo assim aquilo que parecia impossível, que foi suceder como rainha de Inglaterra a um casamento que era quase impossível de dissolver. A igreja de Roma e o Papa opunham-se fortemente á dissolução do matrimonio real, pelo que há rumores que a bruxa se terá virado para os poderes opostos aos da Igreja de Roma, e terá entoado aplicado uma formula de ervas de magia negra juntamente a um encantamento satânico para desposar do rei não pela lei de Deus, mas sim pela lei da magia negra e do Diabo, coisa que conseguiu com sucesso.

O caso das bruxas de Somerset, foi um dos casos mais importantes nos anais da história da bruxaria, e deu origem a um documento de investigação de 1681, que relata a sua existência das bruxas, e dos espantosos eventos observados. O caso teve particular significância, porquanto foi um dos poucos casos em bruxas e bruxas admitiram livremente a sua existência, e a sua filiação numa comunidade de bruxas. Por volta de 1660, haviam duas grande colmeias de bruxas activas na região do condado de Somerset, na Inglaterra. Ambos eram presididos pelo Diabo, que se dava a manifestar incorporando num homem através de possessão demoníaca, e apresentando-se sempre sob o nome de Robin. Uma bruxa de nome Ann Bishop era a rainha de uma das colmeias de bruxas constituída por seis bruxas e oito bruxos.  A outra colmeia de bruxas era composta por onze membros, sendo dez mulheres e apenas um homem. O homem apresentava-se sempre vestido de negro, com uma mascara com face e cornos de bode, e nunca ninguém soube a sua verdadeira identidade, uma vez que após a extinção daquelas colmeias de bruxas, o homem esfumou-se para nunca mais ser visto. Ambas as colmeias de bruxas realizaram sabbats satânicos nocturnos, nos quais o diabo sempre se fez manifestar, fosse apenas em espirito, ou fosse encarnado num homem. Quando algumas das bruxas por algum motivo não podia ir ao Sabbat fisicamente em carne-e-osso, então visitava-o e participava dos ritos em espírito. Nesses sabbats as bruxas participavam num farto e abundante festim cuja a refeição era proporcionada pelo Diabo. Os festins das bruxas de Somerset constavam de carnes, bolos que eram um despertar irrecusável da gula e quantidades generosas de cerveja e vinho, tudo providenciado pelo Diabo. Há quem falasse de um bolo mágico, que era servido no final das refeições, e que proporcionava sensações indescritíveis. Depois da refeição, as bruxas dançavam. As suas danças em torno de um caldeirão ou e uma fogueira, realizavam-se sempre no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio, simbolizando isso a oposição ás convenções cristãs.  Após o banquete e as danças, as bruxas realizavam vários trabalhos de magia negra. Nesses trabalhos de magia negra, as bruxas cravavam agulhas ou espinhos em bonecos de cera, assim como os polvilhavam com pós mágicos e  ervas de magia negra. Os bonecos eram baptizados pela própria mão do Diabo, assistido que era no baptismo por duas bruxas que representavam as madrinhas de baptismo. O boneco uma vez baptizado com o nome da pessoa que se desejava embruxar, gerava uma relação espiritual com a própria vítima da bruxaria. Tudo aquilo que fosse por isso feito no boneco, acabaria por suceder na vítima, e em carne-e-osso. Um trabalho de magia negra feito nestes Sabbats ficou famoso por volta de 1664, pois que um boneco foi baptizado com o nome de um homem chamado Dick Green, e passado pouco tempo o homem veio a falecer em circunstancias inexplicáveis, tal conforme lhe tinha sido destinado no boneco.

Hoje em dia, tal como há séculos, quem ainda detêm estes ocultos saberes de magia negra sobre as ervas de magia negra, continua a celebrar os mais fortes trabalhos de magia negra. Tal como há séculos, os seus resultados mantêm-se poderosos nos dias de hoje.

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