Amarrações, o que são amarrações

Amarrações, o que são amarrações

Nos textos dos séculos XVI e XVII, mencionam-se as ligature – actualmente conhecidas por amarrações – como formas de maleficia ou magia negra já com séculos e séculos de existência.

As amarrações são trabalhos de magia negra tão poderosos, que são mencionados pela Igreja no Concelho ecuménico de Laudicéia ( 364 d.C),  que não apenas proibia os sacerdotes de praticarem magia negra, como especialmente mencionava a proibição das chamadas Ligatures – hoje em dia conhecidas por amarrações – , pois considerava-se que era «prisões da alma». E ao fazer tal consideração, estavam desde logo a definir e explicar o que são, e como funcionam as amarrações, ou seja, aprisionando a alma da vitima a um encarceramento e constrangimento de padecimentos, até que a vitima ceda aos objectivos da amarração. Cedendo os tormentos cessam, e a alma tem alivio. Porem, teimando em resistir ao bruxedo, então o encarceramento da alma persiste, e os tormentos vão aumentando sempre sem cessar. A pessoa não tem alternativa senão ceder. Seja como for, a vitima nunca mais se livra nem do bruxedo, nem da sombra da pessoa que a mandou embruxar. Nunca mais. E por isso, a pessoa não tem alternativa senão ceder. Daí que a Igreja, no Canon Trinta-e-Seis saído do Concelho de Laudicéia, tenha proibido as amarrações, reconhecendo o seu temível poder.

Jean Bodin ( 1520-96), foi um jurista e filosofo francês que se debruçou sobre o estudo da bruxaria. A publicação da obra «De lá Demonomanie des Sorcieres» em 1580 foi uma obra de referência no estudo do fenómeno da bruxaria. Foi um dos primeiros autores da falar do termo «amarrações» ou «ligatures», através das quais as bruxas podiam constranger as pessoas espiritualmente, levando-as a – sob a influencia de castigos espirituais infligidos espiritualmente á alma da pessoa embruxada – agir de certa forma desejada pelo bruxedo .

O monge Agostiniano Gotschalcus Hollen, autor da notória obra Prea-ceptorium divinae legis (1503), fez nota de uma bruxa cujos os préstimos ocultos foram requisitados e pagos para separar uma mulher e um homem. A bruxa usou de um trabalho de magia negra no qual riscou certos sigilos de magia negra nuns cartões, assim como pegou num galo preto que ofereceu ao Diabo através de certos ritos de sacrifício. A verdade é passados tempos, o homem e a mulher não se suportavam, havendo surgido o maior ódio entre eles. Dai em diante, o caminho ficou aberto para a mulher que encomendou tamanho trabalho de magia negra, por cobiçar ao marido de outra mulher, havendo a amarração dado efeitos espantosos. Estes factos foram observados e registados historicamente por Hollen, e este á um caso concreto que demonstra o que são as amarrações.

Conforme faz notar a encyclopedia de Oxford sobre «Witchcraft in the early Modern Europe and Colonial America», a magia erótica ou amorosa sempre foi particularmente forte, e particularmente violenta, pois que funciona essencialmente por meios coercivos. Nela, a vítima é castigada até ceder ao mandante da magia negra. Usam-se de todos os meios, desde queimar a efígie de uma pessoa em caldeirão para que a  alma da vitima arda como se ardesse no fogo do inferno em padecimentos ate que ceda aos fins do bruxedo; usam-se de agulhas que trespassando um boneco baptizado com o nome da vitima, então essa criatura sofra padecimentos e aflições ate ceder ao mandante da bruxaria; entoam-se encantamentos nos quais se diz «Sofrerás até que te entregues, e se não te entregares então que fiques num purgatório de tormentos», etc. Tal facto é intemporal, e pode ser historicamente comprovado, conforme se pode observar no caso da bruxa Ganbrina. A bruxa Ganbrina era abundantemente requisitada devido ás suas amarrações, e imensas era as mulheres de todas as condições sociais que a procuravam, desde a mais humilde camponesa á mais elevada dama da realeza, umas procurando que o marido largasse a concubina, e outras desejando ser as concubinas preferidas do marido de outrem.  E a todas a bruxa dizia o mesmo: o meio para isso é apenas um, e é a coerção. Apenas forçado o homem se entregará, porque se fosse para se entregar de seu livre humor ou capricho, então ele já o teria feito por si mesmo. Logo: se não o faz de sua livre vontade, é porque não o quer. E se não quer, então apenas forçando-o é que ele cederá. A linguagem da força é a única linguagem que o homem conhece, pois que o homem não é dado ás subtilezas que são típicas do reino feminino. O caso da bruxa Ganbrina foi célebre, e acabou registado na obra «Una strega reggiana» de 1906.

Vários notórios demonologistas e célebres teólogos consubstanciam como funcionam os bruxedos de magia negra, em particular as amarrações. Nicolas Remy( 1530 – 1612), foi um demonologista Francês que presenciou pessoalmente vários casos verídicos de bruxas, bruxaria e trabalhos de magia negra.  Com as conclusões que retirou das suas experiências e observações, Nicolas Remy escreveu a obra «Demonolatreiae», publicado em 1595. Na sua obra Demonolatreiae, no seu Capitulo IV, Remy faz nota que «Os bruxedos das bruxas frequentemente abordam e assombram o homem á noite, quando eles estão desprevenidos e a dormir.» O mesmo afirmou são Agostinho ( 354 – 430 d.C), no XXI livro da sua obra «A Cidade de Deus». E exemplo historicamente comprovado de como isto é verdade, e de como funcionam as amarrações, encontramos na França do século XVI.  Por volta dos anos de 1587, havia uma bruxa de nome Margareta Luodman, na localidade de Vergaville, que lançou uma forte amarração a um casal, e por isso todas as noites a assombração do espírito de uma bruxa já morta invadia o lar daquele casal, enquanto eles dormiam. O espírito da bruxa morta assombrava os sonhos do casal, assim como causava barulhos atemorizantes, fazia mexer objectos, e até se manifestou na forma de uma aparição. Com o espírito da bruxa morta vinham vários pequenos demónios, que causavam todo o tipo de eventos inexplicáveis no lar, pois que quando a dona da casa se levantava de manhã, a cozinha estava completamente desarrumada, e as mobílias colocadas em sítios diferentes, ou até mesmo invertidas. Os crucifixos da casa quebravam-se ou invertiam-se nas paredes, e as imagens religiosas apareciam caídas no chão ou partidas. Certa vez, o esposo foi agarrado pelos tornozelos, e arrastado para fora da cama por uma presença invisível, ao passo que os lençóis eram arrancados do leito. As provações e tribulações insistiram e persistiram até ao ponto do homem abandonar o lar, e o casal separar-se, deixando caminho aberto para a mulher que tinha requisitado a amarração á bruxa Margareta.  Depois do homem se ter entregue á mulher que encomendou a amarração, imediatamente todos os tormentos e padecimentos desapareceram e esfumaram-se tão misteriosamente quanto tinham aparecido. A amarração da bruxa Margareta venceu, como vencia sempre.

Também na região da Lorraine germânica, por volta dos anos de 1586, havia também a famosa bruxa Hennezel, uma jovem ninfa de beleza angelical, que porem produzia a mais forte magia negra. Para assegurar que as suas vitimas caiam num profundo sono enquanto eram invadidas pelo bruxedo, e que quando acordassem a sua mente não tivesse recordação dos padecimentos que a sua alma esteve a sofrer, a jovem bruxa Hennezel usava um boneco antes baptizado com o nome da vitima, o qual ungia um unguento de magia negra na cabeça, na boca, nos ouvidos e nos olhos. Dessa forma, a vitima não abriria os olhos durante o sono, não falaria para gritar por ajuda do durante o sono, não escutaria quem a quisesse acordar, e não teria memoria nenhuma dos padecimentos que a sua alma aprisionada pela amarração esteve a  sofrer durante a noite. Desse forma a vítima do bruxedo era todas as noites castigada e fustigada por temores, visões, assombrações e padecimentos, sempre a insistir para que se fosse entregar a quem lhe mandou amarrar. Quando acordava, a vítima não tinha memoria nem recordação dos tormentos, para não suspeitasse que estava sob influencia de bruxedo, e porem a sua alma lembrando-se dos padecimentos, passava os dias a ser tentada a ir ceder a quem a mandou amarrar. E tanto este conflito e esta tortura perdurava, até que a vítima de amarração acabasse por se ir entregar a quem a mandou amarrar, sem sequer saber qual o motivo da sua cedência. Porem, teimando em resistir, então os castigos perduravam a atormentar a vítima, até ao ponto da sua desgraça. A pessoa não tinha alternativa senão ceder. Era assim que funcionavam estas fortes amarrações, como é assim que funcionam as amarrações de magia negra. A jovem bruxa Hennezel costumava dizer que era como se os seus demónios assassem a sua vítima viva, todas as noites, noite após noite. E por isso, a pessoa não tinha alternativa senão ceder.

Mais provas historicamente documentadas sobre a natureza das amarrações e como elas realmente  funcionam, podemos encontrar no célebre Manual de Munique ou Liber Incantationum . O Manual de Munique é famoso um grimório de magia negra do século XV, encontrado na Baviera. O manual revela conhecimentos sobre a magia demoníaca, hoje em dia chamada magia negra, que é a magia que apela a espíritos de trevas e demónios para operar as suas finalidades. O grimório encontra-se escrito maioritariamente em latim, havendo porem algumas partes escritas em vernáculo, e é consensual que os seus autores eram clérigos, padres, monges ou freis profundamente versados nas artes da magia negra, havendo mesmo quem afirme que se tratavam de padres satânicos, ou seja, padres que de tal forma fascinados pelo oculto, acabaram por entra em contacto com o demónio, profanando depois os seus votos do sacramento sacerdotal, e celebrado Pacto com o Diabo. O grimório oferece formulas para conjurar todo o tipo de demónios. Uma das finalidades dessas inovações, é precisamente infestar alguém com demónios, de forma  a fazer a vitima ceder aos desejos amoroso ou eróticos de outrem. Cedendo a possessão demoníaca abandona a vitima, e porem andando a vitima a resistir ao bruxedo, então a infestação demoníaca persiste, sempre aumentando paulatinamente, até ao ponto de poder levar a vitima á loucura, ou até á fatalidade. E por isso, a pessoa não tem alternativa senão ceder.

Nicolas Remy( 1530 – 1612), foi um demonologista Francês que presenciou pessoalmente vários casos verídicos de bruxas, bruxaria e trabalhos de magia negra.  Com as conclusões que retirou das suas experiências e observações, Nicolas Remy escreveu a obra «Demonolatreiae», publicado em 1595. Na sua obra Demonolatreiae, o demonologista Remy faz nota que «O Diabo tem permissão para tentar os homens, não para muda-los, nem tomar decisões por eles». Por isso mesmo é que uma bruxaria de amarração não muda ninguém. O que ela faz é induzir a sua vítima a tomar uma certa decisão ou adoptar um certo comportamento, mesmo contra a sua própria vontade. Seja por tentações, seja por assombrações e castigos, a bruxaria de amarração faz por condicionar a vítima a fazer uma certa coisa. A bruxaria é usada como um chicote ou uma chibata é usada para fazer uma mula ou um cavalo caminharem no sentido que se deseja, quer o animal queira, ou não. E o animal tendo freios e andando ao sabor do chicote, lá acaba andando pelo caminho que o seu dono quer. Com o embruxado, sucede exactamente o mesmo. Mas isso não retira o livre-arbítrio ao embruxado. Repetimos as palavras do célebre demonologista Remy, nas quais ele dizia «O Diabo tem permissão para tentar os homens, não para muda-los, nem tomar decisões por eles». Significa isto: a magia negra não muda ninguém, nem transforma um homem num burro, nem num vegetal. Logo, a pessoa continua livre de teimar e resistir, tal conforme a mula acoitada também tem o seu direito a protestar, e resistir, e dar coices; da mesma forma, também a vítima do bruxedo mantém intacta a prerrogativa de poder protestar, resmungar, resistir e teimar. Porem, a mula mesmo apesar dos coices e protestos, á força do chicote acaba onde o seu senhor quer. O mesmo se passa com a bruxaria: á força do bruxedo e dos seus castigos, também a vítima acaba onde o bruxedo manda. Ou isso, ou acaba em desgraça, tal conforme aquele gado inútil para outras tarefas, acaba no talho. A pessoa não tem alternativa senão ceder.Seja como for, nem a mula jamais se livra do seu dono, nem a vítima de uma bruxaria nunca mais se livra do bruxedo, nem da sombra de quem a mandou embruxar. Nunca mais. E por isso, a pessoa não tem alternativa senão ceder.

Francesco Maria Guazzo  ( 1600-30), foi um frade francês autor de marcantes obras sobre demonologia no século XVII. Entre elas, encontra-se o celebre Compendium Maleficarum, escrito em 1626 a pedido do Bispo de Milão, e que se debruçava sobra as obras da magia negra, dos trabalhos de magia negra, e das bruxas. O frei testemunhou e documentou pessoalmente factos sobre a existência da magia negra, da bruxaria, e dos trabalhos de magia negra celebrados pelas bruxas. O frei Guazzo descreveu com na verdade as bruxarias e trabalhos de magia negra como as amarrações, actuam induzindo possessões demónicas nas suas vitimas, até as levarem a agir conforme a bruxa deseja.

Assim se comprovou aquilo que já outros Grimórios de magia negra afirmavam, ou seja, que a bruxaria causa possessões demoníacas na sua vítima, infligindo-lhe dessa forma estados de reiterados padecimentos espirituais, que nela persistem até a vitima ceder á intenção do bruxedo. Cedendo os padecimentos cessam, e porem resistindo e teimando então os padecimentos insistem e persistem até á desgraça da criatura embruxada. E por isso, a pessoa não tem alternativa senão ceder.

Numa certa noite do ano de 1616, um homem de nome Jonet Irving dormia serenamente no seu leito matrimonial, quando o demónio apareceu-lhe á porta do seu quarto, na forma de uma mulher. O homem sobressaltou-se com a presença de uma mulher desconhecida na sua casa em plena penumbra da noite, e ao dizer o nome de Cristo, a mulher desceu pelo corredor sem fazer qualquer barulho ao mover-se, desceu as escadas, dirigindo-se para o exterior da casa. Quando indo atrás da mulher desconhecida, o homem chegou á porta de casa, encontrou-a aberta, e do lado de fora estava um gato negro que o olhava fixamente. O gato esfumou-se depois na escuridão da noite. O homem persistiu em ser assombrado por esta mulher desconhecida que quase todas as noites lhe aparecia á porta do seu quarto de cama, atormentando o pobre homem com sinistras aparições. O homem já nem sabia se eram sonhos, pesadelos ou assombrações que o perseguiam, e porem as feições da aparição do espectro daquela mulher faziam-lhe lembrar uma senhora que ele conhecia, esposa de um vizinho seu. A verdade é que essa senhora casada estava secretamente enamorada de Irving, e pretendendo ter com ele um relacionamento adúltero, procurou os serviços de uma bruxa. A bruxa lançou um forte trabalho de magia negra de amarração ao sr. Irving, que assim andava noite após noite a ser assombrado com a lembrança daquela mulher, até que ele cedesse e a fosse procurar. E porem, após ter ido dormir com a mulher que o mandou amarrar, todos os padecimentos do sr Irving desapareceram e esfumaram-se, tão misteriosamente como tinham aparecido. Este caso ocorreu na Irlanda do século XVII, e ficou documentado nas actas de um procedimento judicial que procurava investigar a origem deste fenómeno que assombrava Irving. Assim se vê como trabalham as amarrações: elas geram padecimentos e assombrações que noite após noite atormentam a vítima do bruxedo, a fim de a fazer ceder a quem pediu a bruxaria. Cedendo os padecimentos cessam. Porem, teimando em resistir, então os padecimentos vão aumentado sem cessar, até ao ponto da desgraça da vitima. Por isso, ou a vítima cede, ou acaba desgraçada. Seja como for, a criatura vítima da amarração de magia negra nunca mais se livrará do bruxedo, nem da pessoa que a mandou embruxar. Nunca mais. E por isso, a pessoa não tem alternativa senão ceder.

As noções de amarração aparecem bem traduzidas em certos encantamentos mágicos do século XIV, onde se dizia «Diabolus ligat, Angelus solvit, Christus sanat», ou seja, «o Diabo amarra, o anjo resolve, e Cristo cura». Quer isto dizer: quando se quer amarrar, invoque-se o Diabo; quando se quer resolver invoque-se um anjo; e quando se quer curar invoque-se a Cristo. Logo: já há séculos e séculos que se sabe que não há maior autoridade a que recorrer quando se quer amarrar uma criatura, senão á magia negra e á bruxaria.

Nos textos dos séculos XVI e XVII, mencionam-se as ligature – actualmente conhecidas por amarrações – como formas de maleficia ou magia negra já com séculos e séculos de existência.

As amarrações são trabalhos de magia negra tão poderosos, que são mencionados pela Igreja no Concelho ecuménico de Laudicéia ( 364 d.C),  que não apenas proibia os sacerdotes de praticarem magia negra, como especialmente mencionava a proibição das chamadas Ligatures – hoje em dia conhecidas por amarrações – , pois considerava-se que era «prisões da alma». E ao fazer tal consideração, estavam desde logo a definir e explicar o que são, e como funcionam as amarrações, ou seja, aprisionando a alma da vitima a um encarceramento e constrangimento de padecimentos, até que a vitima ceda aos objectivos da amarração. Cedendo os tormentos cessam, e a alma tem alivio. Porem, teimando em resistir ao bruxedo, então o encarceramento da alma persiste, e os tormentos vão aumentando sempre sem cessar. A pessoa não tem alternativa senão ceder. Seja como for, a vitima nunca mais se livra nem do bruxedo, nem da sombra da pessoa que a mandou embruxar. Nunca mais. E por isso, a pessoa não tem alternativa senão ceder. Daí que a Igreja, no Canon Trinta-e-Seis saído do Concelho de Laudicéia, tenha proibido as amarrações, reconhecendo o seu temível poder.

O Malleus Maleficarum ( 1486), dos demonologistas Jacob Sprenger ( 1438 – 1495), e Heinrich Kramer,  ( 1430 – 1505), afirma na sua Questão VIII que «o Diabo tem poder sobre aqueles que são dados á luxuria», e isso explica porque motivo as bruxas, mestras que são do culto satânico e das artes da magia negra e da invocação do Diabo juntamente com todos os seus demónios, conseguem lançar trabalhos de magia negra particularmente poderosos, em especial quando se tratam de assuntos amorosos, ou de desejo, ou de luxuria.

O Malleus Maleficarum ( 1486), dos demonologistas Jacob Sprenger ( 1438 – 1495), e Heinrich Kramer,  ( 1430 – 1505), afirma expressamente que se é verdade que os poderes e efeitos da magia negra, da bruxaria e dos trabalhos de magia negra não se podem ver, porem a natureza está cheia de coisas que não se podem ver e porem são reais, como o magnetismo que atrai ou repulsa metais, tal conforme também afirmou são Agostinho ( 354 – 430), no XX livro da sua obra «A Cidade de Deus». Sprenger e Kramer afirmam no Malleus, que  «O poder do Diabo é influenciar a vontade do homem» Por isso, o poder da magia negra é influenciar a vontade do homem, seja através das tentações dos pecados que o aliciam, seja pelos castigos que o atormentem caso teime em não ceder aos fins de uma bruxaria. Seja como for, aquilo que uma bruxaria faz é vergar a vontade do homem, seja a bem e pelas delícias das tentações, ou seja a mal e pelos infernais castigos dos tormentos. Afirmavam igualmente os demonologistas Sprenger e Kramer , que «abjurar a fé cristã, é a raiz da bruxaria». Sobre as amarrações amorosas, diz o Malleus Maleficarum que «o diabo pode levar as pessoas ao amor ou ao ódio», e que o faz «de duas maneiras, uma visível, e uma invisível». A maneira visível é fazendo-se manifestar num corpo, e persuadindo a pessoa a pecar. Foi assim que o Diabo fez com Adão e Eva no paraíso, e também como abordou Jesus no deserto, aparecendo-lhe numa forma visível. A maneira invisível, é perturbando o intelecto da pessoa, seja lançando-lhe tentações deliciosas que a fazem desviar do caminho certo, ou então castigando-o com duros castigos para o demover de permanecer no caminho que está. È justamente assim que as influencias diabólicas agem na vitima embruxada por uma amarração, ou seja, de maneira invisível, e invisivelmente perturbando a criatura amaldiçoada, até leva-la a ceder aos intentos do bruxedo. E por isso, a pessoa não tem alternativa senão ceder.

O mesmo Malleus Maleficarum afirma no seu capitulo X que «O demónio pode entrar na cabeça do homem» através da acção das bruxas, isto é, através dos seus bruxedos e trabalhos de magia negra.Pois é justamente essa uma das formas como a bruxaria age na vitima de uma amarração ou de uma magia negra, que é infestando-lhe o espírito, a cabeça e os pensamentos, todas as noites assombrando-o com aparições, com temores, com desinquietações, a fim que a vitima antes todas as noites de tal forma assombrada por presenças e espectros, visitada por entidades e espíritos de trevas, que vislumbrando as aparições demoníacas a sua alma não tenha repouso e viva num purgatório de infernais padecimentos, até que ceda aos objectivos do bruxedo. Cedendo, os tormentos, aparições e assombrações cessam. Porem, teimando em resistir, então os padecimentos persistem sem cessar, até ao ponto da sua desgraça. A pessoa não tem alternativa senão ceder. Seja como for, a vítima nunca mais se livra do bruxedo, nem da sombra de quem a mandou embruxar. Nunca mais. E por isso, a pessoa não tem alternativa senão ceder.

Mais um exemplo dessas bruxarias e do seu poder, ocorreu na Inglaterra do século XIV. John de Notingham ( f. 1325), foi um famoso bruxo Inglês, cujos os lendários trabalhos de magia negra deixaram inscritas na historia indeléveis provas sobre a bruxaria, e a veracidade dos seus efeitos. Um dos seus mais notórios trabalhos ocorreu em 1323 quando um burguês de nome Robert de Mareschal contratou os préstimos do bruxo para lançar um bruxedo a um vizinho seu de nome Richard de Sowe . John de Notingham aceitou o trabalho, e iniciou os preparativos do mesmo retirando-se para uma casa isolada nos arredores de Coventry, onde começou a elaborar e trabalhar numa figura de cera representativa da vítima. O trabalho estava completo em 1324. Na noite de 27 de 27 de Abril, o bruxo John de Notingham chamou Robert de Mareschal á sua presença, e pediu-lhe que atirasse um pedaço de chumbo á cabeça do boneco. O homem assim o fez, e nada sucedeu. John de Notingham disse então a Robert de Mareschal que aguardasse pelo efeito. Mareschal regressou a casa sem saber aquilo que pensar, e no dia seguinte foi visitar o seu vizinho. Foi com temor que encontrou Richard de Sowe completamente desorientado. Disseram-lhe que de Sowe tinha enlouquecido subitamente durante a noite, que não se lembrava nem reconhecia ninguém á sua volta, e gritando repetia frequentemente a palavra «Flecha!». Nas semanas seguintes o homem não melhorou, até que na presença de Robert de Mareschal o bruxo John de Notingham retirou o pedaço de chumbo da cabeça da figura de cera, e trespassou no coração do boneco. Passados alguns dias, Richard de Sowe pirou ainda mais, debilitando-se fisicamente de forma inexplicável. Este caso historicamente documentado comprova o alcance e o poder da magia negra, e dos trabalhos de magia negra. E este tipo de técnica de magia negra, quando é aplicado ás amarrações, providencia as mais imparáveis e imbatíveis amarrações. Ninguém escapa a amarrações assim. Ninguém.

No seu «Dictionnaire Infernal», um tratado de demonologia publicado em 1818, Jacques Collin de Plancy ( 1793 – 1881) – um célebre ocultista e demonologista Francês – fala sobre um célebre caso de possessão demoníaca. O caso ocorreu em 1626, num convento Ursulino em Londres. Por volta desse ano, o convento começou a ser assombrado por espíritos e entidades demoníacas. Os casos de aparições demoníacas foram-se intensificando até 1630, altura em que já não era possível ignorar as aparições nem de descarta-las enquanto ilusões ou alucinações, pois algumas freiras do convento começaram a manifestar graves sinais de possessão demoníaca após terem participado em ritos de magia negra celebrados por um célebre padre de nome Urbain Grandier. As freiras começaram a falar em línguas que desconheciam com temíveis vozes masculinas que mais pareciam animalescas, exibindo faces demoníacas, e os seus corpos contorciam-se de maneiras impossíveis, andando elas com pés e mãos simultaneamente, porem de costas voltadas para o chão e as cabeças invertidas no seu pescoço, numa contorção fisicamente impossível a uma pessoa viva. A verdade é que o padre Grandier tinha cedido aos chamamentos do Diabo, havendo profanado os seus votos e celebrado pacto com o Demónio, tornando-se assim um padre satânico. O seu pacto é famoso, e envolveu a participação de Satanás, Beelzebub, Asmodeus, Astaroth e Leviatã. Assim se atestavam que os trabalhos de magia negra causavam fortes infestações demoníacas. Nas possessões demoníacas, os demónios infestam, assombram e atormentam espiritualmente a sua vítima, noite após noite, num purgatório de aflições espirituais. O notório padre e ocultista Montagne Summers (1880- 1948),  ao debruçar-se sobre o assunto das possessões espirituais, faz nota que muitos foram os exemplos de santos que foram infestados de possessões espirituais. São Jerónimo (347- 420) descreveu que São Hilario (310 – 368) era nocturnamente visitado por demónios que se lhe manifestavam na forma de mulheres nuas para despertar a tentação; Santo António, o grande (251 – 356) era visitado pelo demónio na forma de um donzela, para o afligir com tentações; Santa Margarida de Cortona (1247 – 1297) andava para trás e para frente na sua humilde cela, enquanto o Diabo a seguia murmurando-lhe e cantando-lhe musicas obscenas e indecentes versos, acompanhados que eram pelas lágrimas da santa que orava a Deus, rogando-lhe protecção. Vários são os exemplos historicamente documentados destes casos de possessões demoníacas, e é justamente desta forma que actuam as possessões demoníacas e assombrações causadas por um trabalho de magia negra, especialmente nas amarrações. Os demónios infestam a vítima da bruxaria, para depois a assombrarem noite apos noite com flagelos e padecimentos infligidos á sua alma, e esses flagelos não cessarão senão quando a pessoa ceder ao objectivo do bruxedo. Cedendo, os tormentos cessam. Porem: teimando em resistir ao bruxedo, então os padecimentos persistem sem cessar, sempre aumentando paulatinamente. A pessoa não tem alternativa senão ceder. Seja como for, a vítima do bruxedo nunca mais se livra da bruxaria, nem da pessoa que a mandou embruxar. Nunca mais. E por isso, a pessoa não tem alternativa senão ceder.

Como exemplo disso, há casos historicamente documentados de trabalhos de magia negra que comprovam a forma como funcionam as amarrações. Um deles, foi o das bruxas de Magee. Estranhos eventos começaram a suceder na ilha de Magee, na Irlanda. O caso sucedeu por volta de 1711, quando a casa e propriedade de James Haltridge , filho de um pastor presbiteriano, começou a sofrer de estranhos fenómenos. Fosse o proprietário, ou a família, ou os empregados da casa, os residentes daquela propriedade viam os lençóis das suas camas serem puxados por uma pessoa invisível, pedras eram jogadas aos vidros da habitação sem que ninguém lhe tocasse, pessoas tropeçavam ou eram atiradas para o chão por uma presença invisível, louça caía ao chão sem ninguém lhe mexer, objectos desapareciam para reaparecerem invertidos noutro local, e chegaram mesmo a encontrar-se crucifixos misteriosamente virados de cabeça para baixo. Certa noite ao recolher aos seus aposentos, a  mãe de Haltridge  sentiu uma mão fria tocar-lhe nas costas, e passados dias estava morta. Os rumores espalharam-se, e as pessoas da vizinhança começaram a suspeitar da presença de uma bruxa, de bruxedos e de magia negra. Logo após a morte da mulher, uma jovem rapariga que frequentava a casa de James Haltridge – de nome Mary Dunbar – , começou a manifestar sintomas de possessão demoníaca. Mary Dunbar afirmava que tinha visões nas quais estava a ser atacada por varias mulheres, e era quando estava assolada por essas visões que entrava em transe, perdia controlo sob o seu corpo, e ficava possessa, sofrendo de violentas convulsões. Confirmava-se assim a existência de uma bruxaria. Foram descobertas sete bruxas nas imediações, a quem chamaram as bruxas de Magee. E de cada vez que as bruxas renovavam a sua magia negra, a jovem Mary Dunbar inexplicavelmente vomitava penas de aves pretas, alfinetes pretos, botões de um colete de homem , e outros objectos usados nos trabalhos de magia negra feitos pelas sete bruxas. Diz-se que  James Haltridge e Mary Dunbar tinham um caso amoroso, motivo pelo qual uma outra mulher enciumada mandou embruxar a ambos, a fim de impedir aquele relacionamento, e separa-los. A mulher estava obviamente enamorada de James Haltridge, e queria-o para sí mesmo. Porem: como eles teimavam e resistiam ao bruxedo que os infestou, então os padecimentos começaram a suceder-lhes das formas mais atrozes, fosse pela morte da mãe de James, pelas assombrações que cercavam Haltridge, ou  fosse pelos tormentos sofridos por Mary. Porem, assim que James foi deitar-se com a mulher que o mandou embruxar, imediatamente todos os tormentos e padecimentos desapareceram e esfumaram-se, tão misteriosamente quanto tinham aparecido. Assim se vê que quando alguém resiste a um trabalho de magia negra, é assim que o trabalho de magia negra opera, até que as pessoas cedam. Cedendo, acaba-se-lhes o tormento, e porem resistindo e teimando em não ceder, então o padecimento vai paulatinamente aumentando passo-a-passo, degrau-a-degrau, até ao ponto da desgraça das criaturas embruxadas. Não há escapatória. A pessoa não tem alternativa senão ceder. A pessoa embruxada por uma amarração de magia negra forte, nunca mais se livrará do bruxedo, nem da sombra de quem a mandou embruxar. Nunca mais. E por isso, a pessoa não tem alternativa senão ceder.

Foi usando deste método oculto que se verificaram os mais espantosos resultados, alguns dos quais acabaram por ficar inscritos da historia.

As amarrações no Compêndio das Bruxas, de 1608

Uma das formas de amarração mais poderosas e reputadas na Idade media, era a amarração do nó. No «compendium maleficarum» , ( o «compêndio das bruxas» de 1608), de Francesco-Maria Guazo, são descritas as varias finalidades para que a amarração do nó podia servir. Segundo e célebre exorcista e demonologista Francesco-Maria Guazo, na sua obra «compêndio das bruxas» a amarração do nó poderia levar um casal a detestar-se, mas também a permanecer ligado mesmo contra vontade de um deles. A amarração do nó poderia também causar impotência sexual no homem, ou atiçar o seu desejo por uma mulher que o amarrasse. A amarração do nó poderia causar infertilidade na mulher, como também poderia levar á gravidez onde antes era julgada impossível. A amarração do nó era chamada de Aiguillette em França, e de Ghirlanda dele Streghe em Itália, e era celebrada pela bruxa dando alguns nós ao longo de uma corda, ou de um pedaço de couro. O bruxedo apenas se desfaria se a bruxa desfizesse os nós. O notório demonologista Jean Bodin observou estes bruxedos de amarração pessoalmente em 1567, vendo que havia cinquenta formas diferentes de dar os nós, a que acresciam outras dezenas de encantamentos diferentes, de forma a que se alcançasse um certo efeito desejado. Conforme o nó e o encantamento, então um efeito distinto ocorreria na vítima do trabalho de magia negra de amarração. O pedaço de corda ou couro, deveria sempre ser escondido dos olhos da vítima. Alguns dos sintomas que a pessoa embruxada por esta amarração poderia sentir, seriam o aparecimento de inchaços no corpo, dores no corpo, febres inesperadas, dores inesperadas, sangramentos inesperados, vómitos súbitos, grande cansaço, arrotar muito, sentir um grande peso sobre o corpo, sentir um grande abatimento, sonolência anormal, enjôos, fraqueza, abatimento, insónias ou sonhos perturbadores. A vitima da bruxaria de amarração sofreria também de visões sobrenaturais, assim como poderia começa a ver manifestações de espíritos ocorreram no seu lar, ou á sua volta. O bruxedo de amarração nunca seria quebrado, a não ser que os nós fossem desfeitos pela própria bruxa, ao mesmo tempo que proferia os encantamentos correctos.

Um dos casos mais famosos do uso deste tipo de amarração, ocorreu na Inglaterra do seculo XVI. Anne Boleyn (1507-1536) foi uma rainha inglesa que casou com o rei Henrique VIII em 1553. O casamento deu-se em privado e secretamente, enquanto que ainda estavam em curso as negociações para a dissolução do anterior casamento do rei com a Catarina de Aragão, através da qual se havia celebrado uma aliança com o reino de Espanha. Anne Boleyn foi secretamente uma bruxa, e celebrou um rito de amarração ao rei Henrique VIII, conseguindo assim aquilo que parecia impossível, que foi suceder como rainha de Inglaterra a um casamento que era quase impossível de dissolver. A igreja de Roma e o Papa opunham-se fortemente á dissolução do matrimonio real, pelo que há rumores que a bruxa se terá virado para os poderes opostos aos da Igreja de Roma, e terá celebrado uma Missa Negra para desposar do rei não pela lei de Deus, mas sim pela lei da magia negra e do Diabo, coisa que conseguiu com sucesso. Porque o poder das amarrações era temido e temível, as amarrações chegaram mesmo a ser previstas na Lei Inglesa, nos «Witchcraft Acts» de 1563 e 1604.

No seculo XVII, foi existiu uma celebre bruxa em França, de nome Catherine Deshayes.( f. 22 Fevereiro 1680) O nome pelo qual era comummente conhecida, era «La Voisin». A bruxa Catherine Deshayes era famosa pelos trabalhos de magia negra afrodisíacos que preparava, pelos trabalhos de magia negra que celebrava para a fertilidade, mas também cuidava de interromper a gravidez de quem se desejasse. Todas as figuras da alta-sociedade eram clientes frequentes, e no decurso da sua carreira, a bruxa Catherine Deshayes enriqueceu. Com parte da sua fortuna, comprou uma propriedade e nos jardins mandou erguer uma capela. A capela era secreta, privada, e nela eram celebradas Missas Negras. Apenas um círculo muito restrito de pessoas tinha acesso ás cerimonias de magia negra ali oficiadas, e onde a bruxa fazia o culto dos antigos deuses pagãos, agora tidos como demónios pelo cristianismo. Catherine celebrava culto a Astaroth e Asmodeus, dois demónios particularmente poderosos em assuntos de luxuria, de fertilidade, e até mesmo de disputas. A verdade dos factos demonstrava que os seus trabalhos de magia negra eram fortíssimos, pois a sua clientela era vasta, exclusiva, e sempre disposta a pagar qualquer preço, pois os seus resultados eram surpreendentes. Sabe-se que entre os seus clientes estavam princesas, membros da família real, alta-aristocracia, frequentadores da corte do rei Luís XIV, e até o duque de Buckingham. Catherine constituiu a sua própria colmeia de bruxas, e os seus trabalhos de amarração tornaram-se lendários.

O padre Louis Van Haecke (1828 – 1912)  foi um padre belga que celebrou diversas e celebres missas negras. Louis Van Haecke havia sido seduzido por uma linda e jovem bruxa ainda na sua juventude, enquanto estudava no seminário. A bruxa aparecia-lhe misteriosamente, seduzia-o, e insinuava-lhe á pratica tanto de actos lascivos, como de ritos de magia negra. A jovem bruxa aparecia e desaparecia tão misteriosamente, que se diz que o padre foi na verdade abordado por um demonio Succubus  incorporado numa jovem rapariga. Após ter recebido a sua ordenação sacerdotal, o padre não resistiu á sua fraqueza pelas tentações da carne, e acabou por profanar os seus votos, entregando-se á lascívia com ao demonio Succubus, através dela celebrando pacto com o demonio, e praticando magia negra. Louis Van Haecke tornou-se assim um padre satânico. Tendo mais tarde sido colocado na paroquia de Bruges, o padre acabou por seduzir uma legião de fiéis com os seus trabalhos de magia negra, através dos quais concedia todo o tipo de resultados e favorecimentos em assuntos amorosos e de luxuria, através de amarrações . A sua fama rapidamente se espalhou pela França, e eram inúmeras as pessoas que procuram pelos trabalhos de magia negra do padre satânico.  Os seus trabalhos eram realizados através de missas negras , sendo essas celebradas nocturnamente na própria Igreja onde o padre exercia o seu ofício. Durante o dia o padre celebrava as suas missas normais dirigidas as Deus, sendo que há noite oficiava as suas missas negras dirigidas a Satanás. O padre liderava as missas negras usando uma máscara negra com grandes cornos de bode, sendo que a missa em si era uma variação da missa católica normal, á qual eram adicionados elementos de devassa, lascívia e adoração ao Diabo. No altar central da Igreja, era colocada uma imagem de um demonio ao qual era prestado culto, assim consumando-se o sacrilégio da idolatria no centro da casa de Deus, o que constitui um acto de magia negra. Seguiam-se diante do ídolo demoníaco todos os ritos típicos da missa católica, que culminavam com a profanação da Hóstia consagrada, á qual se seguia um festim de lascívia no qual todo o tipo de apetites e prazeres era saciado. No decorrer destas missas, eram realizados trabalhos de magia negra. Os trabalhos de magia negra do padre satânico tornaram-se famosos, e abundantemente requisitados, havendo os seus sucessos sido registados e documentados na obra do escritor Joris-Karl Huysmans, assim como pelos testemunhos de uma bruxa de nome Berthe Couriérre. A fama dos trabalhos de magia negra do padre satânico Van Haecke atingiram tais proporções, que chegaram aos ouvidos do Bispo de Bruges, que mandou instaurar um inquérito. Porem, nada sucedeu. As missas negras e amarrações do padre satânico prosseguiram, tornando-se lendárias.

Outro caso sucedeu na Irlanda do século XIV, onde uma bruxa de nome Alice Keyteler (n. 1263) – a bruxa mais famosa da Irlanda desses tempos – usava de amarrações de magia negra tão poderosas, que apenas para si mesma – através de amarrações de magia negra –  tomou quatro maridos ricos, e herdou as suas fortunas. Por isso, a bruxa recebia incontáveis requisições dos seus préstimos ocultos, vindos das mais altas e nobres esferas sociais. Em 1324 a sua fama era lendária, e a bruxa tinha já uma colmeia de bruxas seguidoras. A bruxa Keyteler tinha um demónio que a acompanhava sempre, chamado Robin Artinson, um espírito demoníaco familiar. Era nas encruzilhadas que a bruxa Alice invocava esse demónio, oferendando o sangue de 3 galos pretos. Houve sabbats e missas negras realizadas dentro de Igrejas, e oficiados pela bruxa Alice Keyteler. Os trabalhos de magia negra de Alice Keyteler eram celebrados em cemitérios ou encruzilhadas, e os seus efeitos eram espantosos, especialmente em assuntos amorosos com amarrações.

Também em França e no século XVII, existiu outra bruxa de nome Lesage, que praticava as suas bruxarias com dois padres, o padre Davot, e o Abade Mariette. Ambos os padres tinham cedido ás tentações da bruxa, e tinham feito pacto com o Diabo, renunciando aos seus santos sacramentos, entregando-se á concupiscência da lascívia e ao pecado da magia negra, tornando-se assim padres satânicos. Ambos os padres e a bruxa Lesage celebraram inúmeras missas negras, algumas na capela de uma outra bruxa de nome Catherine Deshayes, ( f. 22 Fevereiro 1680) , assim como outras capelas de mosteiros e conventos da Igreja. Nesta mesma altura, em 1677, o celebre Abade Guibourg também celebrava Missas Negras, algumas nelas na capela da bruxa Catherine Deshayes. Também ele tinha profanado os seus votos sacramentais da Igreja, feito pacto satânico, e celebrado inúmeras missas negras e sabbats negros com os seus heréticos e profanos festins lascivos. Também nestes casos, os trabalhos de magia negra tornaram-se lendários e altamente requisitados, tal não eram os seus sucessos, especialmente em amarrações .

William Perkins ( 1555 – 1602) foi um notório demonologista Inglês, cuja a obra «Discourse of the Damned Art of Witchcraft» rivalizou com a obra de James I, a maio autoridade nos assuntos da bruxaria e magia negra nos inícios do século XVII. Perkins não tinha paciência para as vozes que negavam a bruxaria, e alegavam que a magia negra era uma fantasia. O demonologista não apenas comprovava solidamente a existência da magia negra e dos trabalhos de magia negra através da Bíblia, como a acrescia provas empíricas e concretas de observações feitas a casos reais e testemunhados. A sua obra «Discourse» foi publicada na Alemanha em 1610, e o seu pensamento rapidamente espalhou-se por toda a Europa. Praticamente noventa anos depois, outros demonologistas famosos como Cotton Mather ( 1663 – 1728) de Nova Inglaterra apontavam os estudos de William Perkins como referencias incontornáveis sobre a magia negra, a bruxaria, as bruxas, e os trabalhos de magia negra. Nestas obras destes demonologistas, pode-se observar que a  verdade é que todos os bruxedos e trabalhos de magia negra, acabam por produzir os seus efeitos através de maldiçoes e possessões demoníacas que são direccionadas e infligidas a uma certa criatura. Nesses casos a vítima é infestada e faz-se-lhe sofrer padecimentos e assombrações espirituais até que ela ceda aos objectivos do bruxedo. Cedendo as assombrações a padecimentos cessam, e porem teimando em resistir então os padecimentos e tormentos persistem a assombrar a vitima, aumentando paulatinamente, até ao ponto da sua desgraça. A pessoa não tem alternativa senão ceder. Não há escapatória. E por isso, a pessoa não tem alternativa senão ceder.

Há exemplos históricos do uso de amarrações poderosas que ficaram para célebres. Em 1490, uma bruxa que vivia em Londres,  de nome Johana Benet usou de uma amarração para embruxar um homem que desejava. Porém, teimando o cavalheiro em não ceder aos desejos da bruxa, então o homem começou a sofrer padecimentos de uma tal forma, que passados tempos começou a definhar. O caso é verídico, e foi testemunhado pelo comissario de Londres. Outro caso que ficou famoso, foi o da bruxa de Norwich ocorrido em 1843. A bruxa de nome Mrs. Bell usou de uma amarração  na qual derramou gotas do seu próprio sangue de bruxa, e aparas de unhas de um homem desejado, ao mesmo tempo que proferia um encantamento em Latim. Passados tempos, o homem não conseguia mexer as pernas, e ficou acamado. A verdade é que o homem sendo casado, tentou resistir ao chamamento da bruxa. Quanto mais resistia, mais a infestação de bruxaria alastrava na sua alma, infectando-o de pestilência e trevas. Tanto o homem teimou, que acabou prostrado numa cama, e com o casamento arruinado. Porem, tendo o homem ido entregar-se á mulher que o mandou embruxar, imediatamente todos os tormentos desapareceram e esfumaram-se tão misteriosamente quanto tinham aparecido. Nestes trabalhos, a pessoa não tem alternativa senão ceder.

Um outro caso célebre do uso das amarrações, foi o caso sucedido França, com a jovem Marie-Catherine Cadiére.( n. 1709). Marie-Catherine Cadiére era uma lindíssima jovem de dezoito anos, quando apesar da sua beleza decidiu entregar-se á vida religiosa. Decidiu integrar um grupo cristão de oração e devoção, para depois ingressar no convento de St Claire-d’Ollioules. Entregou-se então aos cuidados e orientação espiritual de um padre Jesuíta de cinquenta anos, de nome Jean-Baptiste Girard. Em pouco tempo a jovem e bela donzela de dezoito anos estava totalmente rendida ao padre Girard, privando com ele imenso tempo. Porem, a jovem começou a sofrer estranhos ataques espirituais. Marie-Catherine Cadiére estava a sofrer de uma forte possessão demoníaca.  As autoridades da Igreja agiram imediatamente de forma a exorcizá-la, tentando por três vezes a libertação da jovem, porem sem sucesso. Foi durante um dos exorcismos, que o próprio demonio revelou a verdade: Marie-Catherine Cadiére tinha sido embruxada pelo padre Jean-Baptiste Girard. O padre era na verdade um padre satânico que havia corrompido os seus votos sacerdotais e feito pacto com o Diabo. Desejando possuir a jovem noviça, o padre Girard tinha-a embruxado por meios de uma amarração . A amarração funcionou impecavelmente, pelo que a jovem se entregou inteiramente ás caricias e lascivos desejos do padre satânico. Porem, havendo a jovem começado a resistir á continuação daquele relacionamento herético e proibido, então a possessão demoníaca causada pelo bruxedo aumentou a tal ponto, que o malefício se tornou visível diante de todos quando os sintomas de possessão demoníaca se tornaram muito evidentes.  Contudo, assim que a jovem Marie-Catherine se voltou a entregar ás caricias e luxuria do padre satânico, imediatamente todos os seus padecimentos desapareceram e esfumaram-se, tão misteriosamente quanto tinham aparecido. Assim se comprovava aquilo que dizem os mais antigos grimórios de magia negra: as amarrações e os bruxedos fazem a vítima ser invadida de forte possessão demoníaca, por forma a obriga-la a ceder aos desejos do mandante do bruxedo. Cedendo a vítima entrega-se a todos os caprichos do mandante do bruxedo. Porem resistindo, a vítima sofre um purgatórios de tormentos até ceder, e teimando em resistir então os tormentos aumentam até ao ponto da sua desgraça. Assim operam as amarrações de magia negra. E uma coisa é certa: a vítima nunca mais se livra do bruxedo, nem da sombra de quem a mandou embruxar. Nunca mais. E por isso, a pessoa não tem alternativa senão ceder.

Assim se vê o que são as amarrações, e como operam as amarrações de magia negra, seja no caso da pessoa desejada ceder, ou seja no caso dela teimar e resistir. Seja como for, os efeitos de uma amarração de magia negra infestam a criatura embruxada de forte possessão espiritual, que se alastra na sua alma de forma imparável e indefectível. A criatura embruxada fica de tal forma possessa de espíritos e assombrações, que ou cede e se entrega a quem a mandou embruxar, ou os seus padecimentos persistem sem cessar até que ela ceda. Cedendo, o purgatório de tormentos cessará, e porem resistindo então os padecimentos ali persistirão a assombrar a criatura, aumentando paulatinamente até ao ponto da sua desgraça. A pessoa não tem alternativa senão ceder. Seja como for, essa criatura nunca mais se livrará do bruxedo, nem da sombra de quem a mandou embruxar. Nunca mais. E por isso, a pessoa não tem alternativa senão ceder.

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